Confesso: não me diplomei na arte da perda:
ao contrário, dia após dia, me entreguei
à contemplação inútil de tudo que,
passando por minhas mãos, larguei com pesar.
Lamento ainda cada casa que deixei,
os livros que terminei e não mais li,
cada música que, findo o repeat, não lembro
nem mesmo o nome, cantor ou compositor.
Perco mais ainda meu tempo lamentando
o corpo que deixei escapar de sob meus
quadris exaustos de tão frouxamente prender
e o timbre de voz que nunca mais ouvi
em baixo tom, um sussurro em outra língua
que um dia chegou mesmo a me compor – não mais.
2 comentários:
Muito bonito. Um semi-lamento com a cara do domingo cinza que faz aqui.
Beijo!
Que lindo! Muito triste, sim, mas muito belo.
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